Não acredito que cresci!!! [parte two]

Tem horas que simplesmente quero deitar no chão e chorar como criança, dizendo que chega, que não brinco mais disso. E depois vem minha mãe e meu pai, me pegam pela mão e me levam para um lugar seguro. Pronto, não tenho mais que lidar com cheque especial, doença de filho, aluno que não aprende, professor ameaçado por aluno. Há alguém adulto o suficiente para resolver estas coisas por mim. E eu entro no meu quarto, ligo o ar condicionado e vou ouvir meu celular com mp3. Ah, como seria bom ter isso de vez em quando!
E, pensando bem, bem que a gente conhece gente que resolve não querer mais ser adulto e fugir das consequências dos seus atos. Mas não é essa exatamente a vida que eu quero. Se eu recorro a algum “adulto” para resolver meus problemas sempre, eu tenho que me submeter a ele, e toda a liberdade que eu levei tantos anos para conquistar? Se tem uma coisa da qual não gostava quando eu era criança era ter que dar satisfação de tudo, pedir pra fazer qualquer coisa.
Bem, vou ficar eternamente aqui falando das vantagens e desvantagens de ser adulta. E não é isso o que eu pretendo. O que eu pretendo é mostrar o quanto é estranho me sentir assim, e mostrar a quem me lê que não é a única pessoa que se sente assim. Uma vez eu estava conversando sobre isso com minha irmã – mais velha, por sinal – e ela me disse: pois é assim mesmo que eu sinto. Eu penso que ainda sou criança, e que o pai do meu filho é o “garoto que eu gosto”. Detalhe, o pai do filho dela era, na época, casado com ela há quatro anos. E hoje estão casados há quase dez anos.
Tai outra coisa curiosa de ser adulta: o casamento. Eu, tem horas que fico olhando para o meu marido e pensando: “ como assim eu moro com um HOMEM, converso com ele, fico pelada na frente dele... como é que eu não sinto vergonha?” Bem, o negócio é que eu sou muito feliz com esse homem, e não consigo imaginar outra vida, não nesse momento. Mas é muito engraçado, como que eu não podia nem usar uma camisola “indecente” dentro de casa, pois corria o risco de meu pai ver, e aí... era bronca na certa. Meu pai é tão ciumento que não gostava que a gente ficasse “indecente” dentro de casa. Não deixava a gente ver Chico Anysio, pois considerava picante demais para nossa idade. Ah, meu pai... não o culpo não. Ele só pensava em nos proteger.
Certa vez, com poucos meses de casados, resolvemos sair para passear de barca e ir a um shopping em Niterói. Como era um sábado, fomos à casa dos meus pais visitá-los e depois íamos sair. Chegamos arrumados, e meu pai perguntou: “oi, meus filhos, estão chegando da rua?” Isso era umas sete da noite. E nós dissemos: “Não, estamos saindo”. Cara, tinha que ver a cara de tristeza dele. Ele perguntou se não era tarde para sairmos, se a gente não queria o carro dele emprestado para ir mais rápido. E nós dissemos que não, que só queríamos pegar um ventinho na barca e passear no shopping. Ele então disse: “cuidado, tá, minha filha?” Foi engraçado, fiquei com pena dele com aquela sensação de impotência. E, confesso, fiquei toda feliz em saber que não, ele não mandava mais em mim, e não poderia me proibir de sair. Não foi uma sensação de vingança, mas uma sensação de alívio, de liberdade.
Minha mãe era mais tranquila, mas também cuidava para que vivêssemos com segurança e moralidade. E, ainda hoje, pondera se eu devo ou não tomar algumas atitudes. Por vezes discutimos e discordamos, mas ela respeita minhas decisões. Eu não sinto aquela sensação de “ela não manda mais em mim”, pelo contrário, ainda a ouço muito. Sinto muita segurança nela. E peço muito a opinião dela.
Crianças e adultos têm suas responsabilidades. E o tempo não volta atrás. Me dá uma sensação de angústia de saber que o futuro é envelhecer, ver pessoas queridas morrendo e morrer também. Dá uma sensação de “caramba, pra que eu planejo tanto o futuro, se o meu futuro é morrer como todo mundo?” Mas sei que tenho que viver minha vida aqui na terra cuidando de minhas responsabilidades e curtindo minha independência. E por que tornar isso penoso? Em vez de querer só o colinho da mamãe, posso curtir o sorriso do meu filho e o colinho (e muito mais) do meu marido. É claro, nada como ter o suporte de uma família que nos ama. Mas viva a vida adulta!

Comentários

Anônimo disse…
tambem simto muita falta disso
Unknown disse…
Não entendi o "...mais velha, por sinal." porque que ninguém fala "A minha irmã, a mais bonita ou a mais experiente ou a mais inteligente, tem que falar logo a mais velha e por sinal, Fala sério. Às vezesme dávontade de cair no chão esperneando. Eu até me vejo jogada no chão esperneando, esperneando... aí eu fecho os olhos e me imagino assim até a vontade de sumir passar.

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